sábado, 5 de novembro de 2011
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
A VIDA DOS JUDEUS EM ROLÂNDIA - PR.
JORNAL DE LONDRINA
UEL pesquisa história de judeus que fugiram do regime nazista e se refugiaram no norte do Paraná
Entre 1933 e 1941, cem famílias de refugiados do regime nazista na Alemanha vieram para Rolândia (distante 27 km de Londrina) fugidos dos horrores praticados por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. O projeto Etnicidade e Morte, do curso de História da Universidade Estadual de Londrina (UEL), há cinco anos pesquisa as relações de identidade e religiosidade na colônia judaica em Rolândia.
O coordenador do projeto, professor Marco Antônio Neves Soares, afirma que foram gravadas 30 horas de entrevistas. “Trabalhamos também com relatos escritos pelos próprios judeus que se estabeleceram em Rolândia”, diz ele. “Tem as memórias de Ricardo Loeb-Caldenhof, morto na década de 80; de Graf Von Galen; de Susane Behrend e seu irmão Rudolf Stern; de Max Hermann Maier; além de documentos e 90 livros que os refugiados trouxeram da Alemanha.”
O trabalho deve ser concluído em outubro deste ano e já é possível levantar informações importantes que revelam um pouco do que essas famílias viveram num período que envergonhou toda a humanidade. Soares afirma que Rolândia foi descoberta pelos judeus por meio dos ingleses, que vendiam, na Europa, terras do norte do Paraná (Companhia de Terras Norte do Paraná).
Muitos dos judeus que chegaram a Rolândia eram, na Alemanha, grandes juristas, artistas, intelectuais. “Eles também tinham em suas famílias, pessoas de destaque no cenário alemão e mundial”, afirma Soares. Como Susane Behrend, cujo tio foi prêmio Nobel da Química, Fritz Haber; ou Hulda Bielschowsky cujo tio desenvolveu a cirurgia para estrabismo.
O medo de serem descobertos e mandados de volta para a Alemanha, para serem exterminados, levou essas pessoas de alto nível intelectual a fugirem de centros urbanos logo que chegaram ao Brasil. “Eles optaram por virem para um lugar que é quase uma selva e se dedicarem à agricultura, atividade com a qual não tinham nenhum contato na Alemanha”, afirma Soares.
Foi também esse medo um dos motivos, de acordo com o professor, que levou os judeus a não se organizarem como comunidade em Rolândia. A única relação que eles mantinham uns com os outros se dava por meio dos empréstimos de livros.Todos trouxeram muitos livros, a família Stern trouxe dois mil.
Eles se ajudavam, mas não mantiveram relações estreitas, de acordo com Soares. Havia também uma tensão entre os próprios judeus. “Encontramos um certo ressentimento na fala de alguns desses refugiados. Isto porque alguns conseguiram comprar terras e outros foram trabalhar de empregados nessas propriedades.”
Família Stern perdeu quase tudo durante a fuga para Rolândia
A família Stern fugiu da Alemanha em 1939, ainda com as palavras da Gestapo ecoando em suas mentes: “Nosso braço é comprido e vamos pegar vocês em qualquer canto do mundo se disserem o que viram e viveram aqui.” Susanne Stern Behrend, 88 anos, lembra do terror que sentiram durante os anos do holocausto.
Os Stern estão entre as famílias de judeus que se refugiaram em Rolândia. Susanne conta que eram em cinco: ela, os pais, o irmão e a avó, e que foram para a fazenda de um amigo do pai dela. O pai de Susanne tinha se formado em direito na Alemanha e se transformado em dono de serraria.
Na fuga, os Stern perderam quase tudo e entraram no Brasil com pouquíssimo dinheiro. A família chegou sem dinheiro e acompanhada do terror do campo de concentração de Sachsenhausen, em Brandenburgo, onde o pai ficou um mês.
“Não conhecíamos a língua, não tínhamos nada e tínhamos muito medo”, conta Susanne. “Falávamos sempre muito baixo, olhando para todos os lados para nos certificarmos de que ninguém estava nos ouvindo.”
Essas condições eram tão restritivas que os Stern não se relacionavam nem mesmo com os outros judeus que já estavam em Rolândia e que foram chegando depois. “Os judeus estavam pelas fazendas e poucos tinham dinheiro. Vinham para a cidade só para comprar mantimentos e logo voltavam.”
As tradições judaicas não tinham lugar nessa nova vida. “Não mantivemos nenhuma”, conta. “Para formar uma comunidade judaica é preciso 10 homens adultos para fazer uma reza, por exemplo. E os judeus não tinham contato entre si.”
Anos depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, os judeus que chegaram a Rolândia continuaram sem se organizar em comunidade e cultivar suas tradições. Susanne conta que não passou nenhuma delas para seus filhos. “Ficou um machucado tão profundo que eu decidi dar a religião cristã para meus filhos”, afirma. “Ser judeu é uma carga muito pesada.”
Susanne só voltou à Alemanha, com o marido Helmut Behrend, nos anos 80, para conseguir angariar fundos à Apae de Rolândia, da qual o casal foi fundador. “Eu jamais voltaria a morar na Alemanha. Não quero nem ser enterrada lá.”
Relato da imigração judaica em Rolândia por Ricardo Loeb-Caldenhof
Memoiren é uma longa e detalhada narrativa do estabelecimento de Ricardo Loeb-Caldenhof e de sua esposa Sylvia O. Loeb-Caldenhof na selva da Gleba Roland. Traz muitas referências do cotidiano da colônia e descreve de maneira minuciosa o desenvolvimento da cidade e de seus habitantes, imbricado por histórias pessoais. Começou a ser escrita em 1987 e foi terminada em abril de 1991, ano em que o autor completou 82 anos. Filho de uma proeminente família judia estabelecida na região de Hamm emigrou para Rolândia em 1938, e dedicou-se às atividades agrícolas em sua Fazenda Belmonte, já que havia cursado agronomia na Universidade de Bonn. Teve um papel aglutinador entre os refugiados pelas constantes visitas que fazia aos campos de cultivo e às residências, mas se sentia menosprezado entre os mais intelectualizados, por achar que estes consideravam a agricultura um trabalho braçal de homens rústicos e não dedicados à leitura e ao refinamento. Em sua narrativa, descreve a vida burguesa anterior à ascensão do Partido NacionalSocialista e a importância de sua família no contexto político-militar alemão durante o II Reich e a República de Weimar. Analisa a deteriorização da situação econômico-social e familiar da ascensão de Hitler até 1938, quando finalmente resolveu fugir para Rolândia, onde já estavam pessoas do círculo de relações de sua família. Rememora acontecimentos, pessoas e discussões, e expõe os motivos que fizeram permanecer no Brasil. A última parte de suas Memoiren é destinada aos acontecimentos que envolveram a Fazenda Belmonte, desde aumento, manutenção ou queda de produtividade até as viagens pelo Brasil para conhecer novos cultivares ou novas técnicas de cultivo. FONTES PARA A INVESTIGAÇÃO DAS IDENTIDADES E RELIGIOSIDADES JUDAICAS LONGE DO JUDAÍSMO INSTITUÍDO: O CASO DE ROLÂNDIA por Marco Antonio Neves Soares
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
MICHAEL TRAUMANN - PIONEIRO DE ROLÂNDIA - PR.
Quando chegou em Rolândia em 1937 ao lado do pais tinha 12 anos. Sua família era dona da Fazenda Giugalla localizada na Estrada antiga de Pitangueiras, ao lado da Venda do Belançon. Sua família era muito culta. Pai advogado e mãe cantora de ópera. O pai foi perseguido pelo nazismo, daí a necessidade de emigrar para o Brasil. Com o pai já com meia idade, Michael ainda muito jovem se sentiu responsável pela família. No final da década de 40 viajou para os Estados Unidos onde conheceu e se casou com Jane Bharthelmes, com quem teve seis filhos (um falecido). Michael sempre foi fiel aos seus amigos. Foi um homem de caráter íntegro, de inteligência brilhante, fora do comum, cumpridor de palavra, sem vaidades. Quando mais jovem era mais alegre. Com o passar dos anos tornou-se mais sério. Ele escreveu muito, inclusive peças teatrais, na maioria sobre a mitologia grego/romana. As peças de teatro com uso de fantoches foram apresentadas para inúmeras pessoas. Era um conhecedor profundo da Bíblia e durante muitos anos presidiu a comunidade Luterana. Era um ativista comunitário tendo participado por muitos anos da diretoria do Hospital São Rafael e um dos fundadores da Corol. Era um apaixonado por livros. Lia muito, as vezes até cinco livros por semana. Sempre compartilhava o que aprendeu com familiares e amigos. Sempre dizia que o livro era o melhor amigo do homem por permitir que a imaginação florescesse na mente dos leitores. Ao morrer, a sua biblioteca com cerca de 4.000 volumes foram doados para a Universidade Estadual de Londrina. Foi uma pessoa admirável por todos que tiveram o prazer de conhecê-lo. SUSANNE BEHREND.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
COMEÇOU A RECONSTRUÇÃO DO HOTEL ROLÂNDIA
Pelo que li nos jornais começou ontem (dia 29/09) as obras de reconstrução do Hotel Rolândia. Tenho muito interesse em acompanhar de perto estes obras pois fui o único a se interessar em defender sua preservação para as futuras gerações. Se não fosse a Ação Popular ajuizada por mim as madeiras já tinham virado caixaria de construção e móveis. Texto e 1ª foto de JOSÉ CARLOS FARINA
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
MINHA INFÂNCIA NA ROÇA NO NORTE DO PARANÁ - by FARINA
TEMPOS FELIZES
Passei a minha infância (anos 60) no Município de Rolândia, norte do Paraná. Como eu tinha os meus avôs, tios e primos morando na zona rural (sítio ) passsava todas as férias com eles. Acordávamos bem cedinho... por volta das 6:00 horas. Os passarinhos nos acordavam sempre neste horário com a alvorada. Eram bem-te-vis, pássaros pretos, anús, tizil, sanhaços, sabiás, tico-tico e pombinhas... Corríamos para o curral para pegar leite quente com espuma e açucar direto no copo. Depois vínhamos para a cozinha comer pão com toucinho ou pão com torresmo. Logo cedo inventávamos um monte de brincadeiras. Uma delas era caçar passarinhos com estilingue. Pegávamos um embornal... o colocávamos atravessado no ombro e íamos para o rio pegar seixos (pequenas pedras arrendondadas). Após, entrávamos no pomar ou no cafezal na esperança de abater uma pomba juriti para o almoço. Mas Deus sempre protegeu estas aves. Nunca consegui matar uma sequer. Bom... então armávamos arapucas para pegá-las. Muitas vezes conseguimos pegá-las. Levávamos as pobrezinhas para o meu tio abater. Após tirar as víceras e as penas não sobrava quase nada de carne. No verão, na parte da tarde, íamos quase todo dia nadar no riacho. Era um ribeirão pequeno de águas cristalinas e puras. Podíamos até beber água diretamente do rio. Como o rio era muito pequeno, tínhamos que represá-lo. Colocávamos pedras, madeiras e barro. Tínhamos muita paciência e tempo. Caprichávamos tanto que muitas vezes conseguíamos até 0.80 centímetros de profundidade. Nossa!... para nós era melhor que piscina. Água limpa e geladinha. Foi assim que aprendi a nadar. Primeiramente estilo "cachorrinho" e depois "braçada". Tenho até hoje na minha mente a delícia daquelas águas "profundas" e geladas.... Muitas vezes levávamos peneira para pescarmos. íamos peneirando a água próximo ao barranco, trazendo para cima, barro, pedras e (quando dava sorte) lambaris e camarões de água doce. Mas, o que mais pegávamos eram carangueiros e girinos (filhotes de sapo). Saíamos sempre também a passear à cavalo. Meu avô tinha duas éguas, a Serena e a Gaucha. As duas eram negras e tinham manchas brancas na testa. Eram lindas. Eu sempre montava a Gaucha que era mais mansa e o meu primo a Serena que era arisca. As vezes íamos longe. Até o Caramurú. Não havia perigo... Não tinha bandido... Não tinha ladrão... Era um prazer incrível poder respirar aquela brisa com o cheiro da florada dos eucaliptos e flores silvestres. Era tudo tão bonito... aqueles cafezais... os trabalhadores capinando a roça...os cumprimentos... tarde!... dia!... (quase ninguém falava bom dia!.. Boa tarde!...) As vezes apóstavamos corrida. (eu perdia sempre e ainda gritava: - me espera preto (apelido do Toninho). Ao chegarmos em casa andavámos com as pernas abertas por causa das feridas que se formavam nas nádegas. Era uma cavalgada hoje e um período de descanso de pelo menos uns cinco dias para que as feridas cicatrizassem. Eu, meu primos e irmãos adorávamos também acompanhar meu tio e meu avô em viagens de charrete até a venda do Caramurú. Enquanto o meu tio tomava uma "branquinha" eu e meu primo comíamos sanduiche de mortadela e paçoquinha. Meu tio Manoel tinha quatro cachorros americanos de caça e sempre o acompanhávamos em suas caçadas. Era muito divertido. Quando os cães "levantavam" alguma paca ou cotia começavam a correr e uivar sem parar. Ai nós tínhamos que correr junto para ver o resultado. As vezes corríamos uma manhã inteira e era só frescura dos cachorros. (não tinha bicho nenhum). Eu gostava muito quando chegava visita à noite. Eu e meu primo ficávamos sentados ao lado do fogão caipira à lenha comendo pipoca e o meu tio, avô e visita ficavam contando causos de assombração. O duro era dormir depois. A gente sempre acreditava naquelas mentiras que eles contavam. Eles sempre falavam assim: - "Não sei se é verdade, mas lá em Barretos, meu avô contava que aparecia uma luzinha depois da meia noite e acompanhava os cavaleiros e suas comitivas". A gente sempre ajudava a avó na capina e limpeza do quintal e do pomar e em troca ela fazia pra nós cural de milho, bolos e outras guloseimas. Fazíamos casas do Tarzan em cima das árvores. Amarrávamos uma corda para subir e descer da árvore. Íamos a uma floresta que havia lá perto atrás de marfim para fazermos arco e flexa. Os arcos eram tão bons que conseguíamos arremessar flexas a mais de 50 metros de distância. Subíamos em eucaliptos finos, e, estando lá em cima, forçávamos o tronco a inclinar até alcançarmos o chão. À noite em nosso quarto ficávamos contando "estórias" e piadas que ouvíamos dos adultos. Na falta de piadas novas repetíamos as de sempre. E o pior, sempre ríamos do mesmo jeito (isso é que é solidariedade). Teve uma época que fazíamos carrinhos com rodas de pau e apostávamos corrida descendo em alta velocidade o carreador do sítio. Muitas vezes o "breque" falhava e acabávamos parando com o "chifre" no barranco. As corridas sempre acabavam em chôro. Um dia resolvermos construir um barco para navegar na represa do meu avô. Usamos um tacho (não deu certo)... usamos a mantimenteira da minha avó (também não deu certo)... Aí o meu tio Mané teve uma feliz ideia. Foi lá no mato e cortou uma árvore de imbaúva que é oca por dentro... juntou dois troncos em forma de "V" e pregou taboinhas... Aí deu certo... Passamos uma tarde deliciosa remando e pescando lambaris na represa. Tenho muitas outras estórias para contar, mas vai ficar para outro oportunidade. Até lá pessoal!...JOSÉ CARLOS FARINA - ADVOGADO - ROLÂNDIA - PR.
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