sábado, 16 de abril de 2011

CAIO KOCH-WESER (pesquisa Farina)

NASCEU EM ROLÂNDIA-PR.
Alto, olhos claros, cabelos brancos e um leve sotaque alemão, Caio Koch-Weser nasceu em Rolândia, norte do Paraná, em um tempo de pouco desenvolvimento na pequena cidade. Como ele próprio conta, a produção de café que saía da fazenda dos pais, imigrantes vindos da Alemanha antes da guerra, no início dos anos 30, tinha de ir por estrada de terra até o Porto de Paranaguá, onde era embarcada para exportação.
"A luz só chegou quando eu já tinha uns cinco anos. As estradas eram de barro e o caminhão com o café atolava a cada viagem", relembra. A região ainda era de mata virgem e o asfalto só chegou nos anos 80.
Koch-Weser fala com orgulho da cidade que, segundo ele, faz parte de uma das regiões de agricultura mais importantes do Paraná. "O norte do Paraná será um polo de desenvolvimento", prevê. A experiência de uma criança que cresceu na zona rural do País, cercado por dificuldades, influenciou Koch-Weser no trabalho que desenvolveria mais tarde no Banco Mundial, onde trabalhou por 25 anos. "A gente aprende mais assim, na vida, do que nos livros", diz. Nos anos 80, ele trabalhou em projetos de desenvolvimento em países da África, além de China, Indonésia e Brasil, é claro. "Lembro de alguns projetos do banco para o desenvolvimento rural no interior do Nordeste, ligados à irrigação. Foi importante ajudar."
Quando completou 15 anos, com alemão fluente aprendido em casa, Koch-Weser mudou-se para a Alemanha onde terminou o ensino médio e fez a faculdade de Economia. Casado com a alemã Maritta, pai de Yara , Ana e o Jacob, ele nunca deixou de dar valor ao Brasil. Paula Pacheco - O Estadao de S.Paulo

terça-feira, 5 de abril de 2011

EXISTE TURISMO EM ROLÂNDIA ? by FARINA

HOTEL ROLÂNDIA QUASE VIROU LENHA


Se não fosse eu ajuizar uma ação popular teríamos perdido as madeiras do Hotel Rolândia, marco zero da colonização de Rolândia. Até hoje não recebi nenhum apoio de ninguém ligado a história e turismo. Então pergunto: - Cadê os nossos pseudo-intelectuais? Olhem bem nesta foto... Tudo em volta era pura floresta virgem... só arvores e bichos... E quase perdemos até as madeiras do nosso marco zero... Ah.. se não fosse o Farinão... JOSÉ CARLOS FARINA

terça-feira, 29 de março de 2011

COMEÇOU E DESMANCHE DO HOTEL ROLÂNDIA - VÍDEO

Parte do Hotel conseguimos preservar através de uma ação popular.

COMEÇOU E DESMANCHE DO HOTEL ROLÂNDIA

77  ANOS DE HISTÓRIA - ONDE TUDO COMEÇOU

Começou ontem o desmanche do Hotel Rolândia, a primeira construção de Rolândia e marco zero da nossa história. Esperamos que a Prefeitura não demore para reconstruir o Hotel em área pública. Esperamos que não seja necessária outra ação popular para esta reconstrução. Vejam no youtube as imagens do desmanche. FOTO e TEXTO de JOSÉ CARLOS FARINA

terça-feira, 22 de março de 2011

MINHA INFÂNCIA EM ROLÂNDIA - ANOS 60

BONS TEMPOS QUE NÃO VOLTAM MAIS

Nasci na cidade de Rolândia, norte do Paraná, mas sempre tive um pé na cidade e outro nos sítios de café dos meus avôs e tios. A partir dos meus 8 anos passava todas as minhas férias no sítio do meu avô materno Juan Martin. Lá morava o meu primo mais querido, o Toninho, conhecido por Preto. Como era costume, as crianças a partir dos 8 anos ajudavam os pais na lida do café e dos cereais. Eu, meu primo e irmãos ajudávamos os avós e tio até as 15 horas e depois éramos liberados para brincar. O nosso trabalho era capinar, limpar os troncos dos cafeeiros para facilitar o rastelamento, panhar café, "virar" o café para secar no terreirão, amontoá-lo à tardezinha, ajudar a lavar os grãos para separar a terra e impurezas e ajudar a ensacar. Uma certa época, nos anos 60, minha mãe pegava café para separar as impurezas em casa. Os comerciantes de café cediam umas máquinas onde os grãos caiam em uma esteira de pano. Com um pedal íamos
movimentando a esteira e tirando os torrões, pedrinhas e pequenos pedaços de madeira. Eu e meus irmãos ajudávamos todo dia a nossa mãe. Era uma maneira de ajuntarmos uns troquinhos para assistirmos o matinê do cinema aos domingos. Até hoje me lembro de cheiro do café beneficiado. Na década de 60 teve um ano que o preço do café caiu tanto que as maquinas de café cederam de graça aquele café mais quebrado. Meu avô pegou logo uns dois ou três caminhões para usar como adubo. Lembro-me que vinha muita gente pegar aquele café para torrar e consumir. Mais tarde, já mocinho viajava sempre com meu pai (que era corretor de terras) para mostrar propriedades agrícolas aos seus clientes. Por todas as estradas que andávamos de jipe víamos apenas enormes cafeeiros. O norte do paraná era um imenso cafezal. O mais lindo e vistoso do mundo. Pés com até 2,50 metros, verdinhos e saudáveis. As nossas terras sempre foram as melhores do Brasil. Quase
todos os proprietarios davam empregos para os porcenteiros. Estes trabalhavam muito e tinham muita fartura. Criavam uma vaquinha, porcos e galinhas, tinham um cavalo com carroça. Aos sábados na roça infalivelmente acontecia os bailes de sanfona de barracas cobertos com lona. Havia uma amizade sincera e muito companheirismo. Os jovens voltavam a pé para a casa sob a lua cheia, conversando e contando piadas. Falávamos sobre as namoradas para quem ainda não havíamos declarado o nosso amor5. As domingos a diversão era banhos na cachoeira, pesca, caçar passarinhos com estilingue e futebol. A noite meu avô sempre recebia os amigos para ouvir as notícias no rádio. Eu e meu primo fícavamos ouvindo sentados ao lado do fogão caipira, tomando café e comendo pipoca feita com gordura de porco. Após ouvir as notícias meu avô, meu tio e os amigos começavam a contar causos de assombração. O duro era dormir com a lamparina apagada com medo de que
aquelas assombrações fossem aparecer. Me orgulho muito da infância e juventude que tive aqui em Rolândia-Pr., dividindo o meu tempo entre cidade e sítio. Amo minha região e minha família. Temos aqui uma das melhores terras do mundo e um povo honesto e trabalhador. Sinto saudade daqueles tempos e se pudesse viveria tudo outra vez. Um abraço a todos os norte paranaenses. Deus abençoe a todos. JOSÉ CARLOS FARINA - ADVOGADO - ROLÂNDIA - PR.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

CASA DE MADEIRA + ANTIGA DE ROLÂNDIA

Segundo o meu sogro Luiz Chiaratti, esta é a casa de madeira mais antiga que ele conhece em Rolândia. Está localizada na saída de São Martinho. Foto by José Carlos Farina.

ROLÂNDIA - VENDA DO BANDEIRANTES

A  antiga venda do Bandeirantes fica ali próximo do Curtume Vanzela. Antigamente ali nos finais de semana juntava centenas de pessoas para as compras, aperitivos, bailes e jogos de futebol. Vejam as fotos by José Carlos Farina:


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Hotel Rolândia - relato de historiador

Relato de um historiador
 Pode-se definir patrimônio como aquilo que recebemos como HERANÇA dos nossos antepassados, fazendo parte de nossa estrutura interna, criando nossos valores e moldando nossas identidades. Desta forma, toda sociedade tem seus símbolos, monumentos e MEMÓRIAS, integrantes de um passado que ainda é visível e presente. Um dos deveres do PODER PÚBLICO e direito do cidadão é estabelecer políticas de conservação e preservação desses bens patrimoniais.

Estabelecer políticas de conservação e preservação do patrimônio é um desafio em áreas de colonização recente, como é o caso do Norte do Paraná. As memórias desses lugares, por serem muito imediatas, têm donos e porta-vozes, que não hesitam em apagar ou alterar traços se uma conjuntura qualquer se anuncia no horizonte.

Em toda área que pertenceu à Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), a memória e o patrimônio estão constantemente ameaçados. Poderíamos elencar bens nesta região que foram destruídos, mas um dos símbolos da ocupação do Norte do Paraná ESTÁ AMEAÇADO e ainda há TEMPO para que a comunidade se organize, aja e exija proteção. Trata-se do HOTEL ROLÂNDIA.

Construído em 1934 por Victor LARIONOV, o mesmo funcionário da Companhia de Terras que planejou a Avenida Higienópolis em Londrina, o Hotel Rolândia foi a PRIMEIRA edificação da pequena localidade que viria a ser o município do mesmo nome. Era o lugar onde refugiados do fascismo europeu, iMIGRANTES de diversas nacionalidades, comerciantes e aventureiros se hospedavam quando vinham para a região tentar a sorte. Também serviu de BASTÃO para a própria CTNP em seu processo de expansão a noroeste.

OCTOGENÁRIA, a construção em estilo alemão não tem valor econômico significativo, diferentemente de seu terreno, então há que se supor que a venda do Hotel Rolândia é UM RISCO para aquela edificação, que poderia cumprir DIVERSAS FUNÇÕES na comunidade, pois tem condições de uso, uma vez que foi bem cuidado ao longo desses anos.

Significados não faltam para justificar a proteção para uma velha construção em madeira, e elas são de expressão não apenas local, mas regional e estadual. SÍMBOLO emblemático do POVO DO PARANÁ, o hotel hospedou tantas nacionalidades que a cidade de Rolândia tornou-se a expressão mais cabal de uma sociedade multiétnica estabelecida no Sul do País. MARCO VISÍVEL DA MEMÓRIA, o Hotel Rolândia é um dos ÚLTIMOS remanescentes da fase de ocupação da região, o que lhe atribui um valor histórico que poderia ser explorado com FINS educacionais, culturais e turísticos.

Com esses sentidos tão profundos e com simbolismos tão inquietantes, é de se perguntar por que os PODERES PÚBLICO , seja municipal ou estadual, jAMAIS se interessaram em criar LEIS que protegessem esse bem material? Por que na iminência de ser vendido e subtraído da comunidade que inclusive originou, NENHUMA autoridade, representante do povo, dono da memória ou senhor do capital se prontificou a DEFENDER o Hotel Rolândia?

É nessa vacuidade que aos poucos a comunidade está sendo mobilizada. Reconhecendo-se naquela edificação, rolandienses e moradores da região se articulam para IMPEDIR a destruição de um bem que receberam de HERANÇA, documento de uma época que ainda hoje se faz presente na memória e na paisagem, além de ser parte constituinte da IDENTIDADE do Norte do Paraná.

MARCO ANTONIO NEVES SOARES é professor do departamento de História e coordenador do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da Universidade Estadual de Londrina

Marco Antonio Neves Soares

Folha de Londrina – 01-09-2010