quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
HOTEL ROLÂNDIA EM 1934
HOTEL ROLÂNDIA - MARCO ZERO DE ROLÂNDIA
(PODE VIRAR LENHA HOJE)
(PODE VIRAR LENHA HOJE)
Junho de 34...Rolândia uma densa e inóspita floresta virgem. De Rolândia até o Rio Ivai e muito mais longe apenas bilhões de árvores...as mais lindas, altas e importantes do planeta. No traçado da cidade apenas um hotel com todo o conforto da época...em volta apenas árvores....cipós...bichos...mosquitos...e muito barro e pó...na varanda do Hotel as famílias de pioneiros vinham olhar a floresta e ouvir os lindos pássaros a cantar..
À noite dava medo de ouvir os miados das onças dentro da mata. As famílias começavam a planejar suas vidas ali naquela linda e encantadora varando que está lá até hoje. De manhã pegavam carroças ou calhambeques e saiam pelas primeiras estradas que estavam mais para "picadas". A terra era e é muito fértil, mas dava medo de ve-la durante as chuvas....aquele barro grudando nos sapatos...E a empreitada da derrubada da floresta no machado? Como seria (e foi) difícil. Neste início o Hotel Rolândia era o porto seguro...onde tinham uma refeição caseira saborosa a luz dos lampiões...um cafezinho quente na chapa do fogão a lenha...um banho quente...uma cama macia e a boa companhia para uma conversa e um cigarrinho de palha....Quantos romances....quantas crianças não foram concebidas ali (não havia rádio e TV)....Quantos sonhos....trabalho...suor e sangue...quantas festas...negócios (compra e venda)...quantas brigas...ciumes...visitas importantes...Interventor Manoel Ribas...Lord Lovat...Mr. Arthur Thomas..Mr. Wilie Davids...Eugenio Vitor Larionoff...Moisés Lupion...
Dá agora pra encaixotar tudo num caminhão e vender a preço de banana pra virar lenha?
Não!...é claro que não!....O Hotel Rolândia pertence as futuras gerações....meus netos...bisnetos..trinetos têm o direito de conhece-lo e refereciá-lo da mesma forma que refereciam as Pirâmides do Egito. Me desculpe Sr. Juiz de direito da comarca mas o Hotel Rolândia não é apenas um monte de madeira de peroba velha...ele é parte de tudo de bom que os verdadeiros rolândenses amam e querem que seja para sempre lembrado. Peço a ajuda de todas as pessoas de bem de Rolândia, do norte do Paraná e do Brasil para o grito de SOCORRO do Hotel Rolândia.
JOSÉ CARLOS FARINA - ADVOGADO (ROLÂNDIA-PR.)
À noite dava medo de ouvir os miados das onças dentro da mata. As famílias começavam a planejar suas vidas ali naquela linda e encantadora varando que está lá até hoje. De manhã pegavam carroças ou calhambeques e saiam pelas primeiras estradas que estavam mais para "picadas". A terra era e é muito fértil, mas dava medo de ve-la durante as chuvas....aquele barro grudando nos sapatos...E a empreitada da derrubada da floresta no machado? Como seria (e foi) difícil. Neste início o Hotel Rolândia era o porto seguro...onde tinham uma refeição caseira saborosa a luz dos lampiões...um cafezinho quente na chapa do fogão a lenha...um banho quente...uma cama macia e a boa companhia para uma conversa e um cigarrinho de palha....Quantos romances....quantas crianças não foram concebidas ali (não havia rádio e TV)....Quantos sonhos....trabalho...suor e sangue...quantas festas...negócios (compra e venda)...quantas brigas...ciumes...visitas importantes...Interventor Manoel Ribas...Lord Lovat...Mr. Arthur Thomas..Mr. Wilie Davids...Eugenio Vitor Larionoff...Moisés Lupion...
Dá agora pra encaixotar tudo num caminhão e vender a preço de banana pra virar lenha?
Não!...é claro que não!....O Hotel Rolândia pertence as futuras gerações....meus netos...bisnetos..trinetos têm o direito de conhece-lo e refereciá-lo da mesma forma que refereciam as Pirâmides do Egito. Me desculpe Sr. Juiz de direito da comarca mas o Hotel Rolândia não é apenas um monte de madeira de peroba velha...ele é parte de tudo de bom que os verdadeiros rolândenses amam e querem que seja para sempre lembrado. Peço a ajuda de todas as pessoas de bem de Rolândia, do norte do Paraná e do Brasil para o grito de SOCORRO do Hotel Rolândia.
domingo, 9 de janeiro de 2011
SOCORRO!...O HOTEL ROLÂNDIA VAI SER DEMOLIDO ....
VAMOS NOS MOBILIZAR
Segundo vídeo veiculado no Youtube neste domingo, o Hotel Rolândia, primeira construção de Rolândia (29/06/19340), foi vendido e como não houve interesse da Prefeitura em adquirir o imóvel ou as madeiras, a demolição poderá começar a partir do dia 10. O hotel Rolândia foi cosntruido a mando de Eugenio Victor Larionoff, um dos diretores da Companhia de Terras Norte do Paraná, para receber e abrigar os primeiros pioneiros. Como era a primeira construção não havia nada em todo o território. Do Hotel sairam as primeiros pioneiros na dura tarefa de abrir os primeiros lotes e construir as primeiras casas na cidade. Pedimos pelo amor de Deus ao Prefeito Johnny Lehmann e aos vereadores que adquiram pelo menos a parte da Frente da construção para que possamos reconstruí-la em outro lugar. Se perdemos este patrimônio a perda será irreparával e os responsáveis serão as nossas autoridades. SOCORRO!...O HOTEL ROLÂNDIA PEDE SOCORRO!...
JOSÉ CARLOS FARINA - ADVOGADO (ROLÂNDIA)
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
TRENS E O NORTE DO PARANÁ - BY FARINA
TUDO COMEÇOU COM O TREM
A Companhia de Terras norte do Paraná pensou em tudo. Como a nossa terra argilosa se torna quase que intransponível em dias de chuvas, logo no começo da colonização a Companhia já iniciou os trabalhos da construção da ferrovia de Ourinhos a Londrina e depois com o tempo até Maringá. Apesar da floresta virgem os pioneiros aqui chegaram trazendo tudo o que precisavam nos trens. As primeiras produções era transportadas pelos trens. Os primeiros animais (cavalos, gado, galinhas e porcos) vieram também de trem. Não foi fácil construir a ferrovia no meio da floresta virgem utilizando na maior parte a força dos trabalhadores e das mulas que puxavam as carroças. A maior parte dos serviços eram feitos no enxadão, pá e picarata. A terra era carregada em carroças puxadas por mulas treinadas. Depois de um certo tempo de trabalho as mulas se deslocavam sozinhas de um lado para outro. Os trabalhadores carregavam a carroça com terra, e, após um assobio elas levam a carga para o outro lado, onde outros trabalhadores a descarregavam. Eram dezenas de carroças no canteiro de obras. A estação de Londrina foi inaugurada em julho de 1935, no mesmo dia em que a ponte sobre o rio Jataizinho foi entregue, dando passagem ao primeiro trem, que chegava a uma cidade que já havia crescido muito desde sua fundação em 1929. No início de Londrina e do norte do Paraná tudo girava em torno dos trens. Quando a Maria Fumaça apitava lá na curva, o chefe da Estação tocava um sino e muita gente vinha para conferir quem estava chegando e quem estava partindo. Todas as novidades chegavam no trem. Os homens iam lá para ver as mulheres. As mulheres iam para ver as roupas diferentes vindas de São Paulo. Outros iam ver só o trem, afinal era uma máquina que dava medo. Quando o maquinista soltava o excesso de vapor, fazia um assopro forte, tipo um assovio e a molecada corria de medo. Muitos iam só para dar tchau para quem partia ( (Era chique dar tchau para quem partia). Em Rolândia acontecia tudo do mesmo jeito. O trem chegou aqui pela primeira vez em janeiro de 1936. Por alguns anos ele "virava" aqui e retornava para Cambé e Londrina. 50% do sucesso da colonização do norte do Paraná devemos à ferrovia e aos trens. Em resumo era isto. O trem fazia (e faz) parte de Londrina, de Rolândia e de todo o norte do Paraná.
JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
JOHANNES SCHAUFF ( PIONEIRO DE ROLÂNDIA )
JOHANNES SCHAUFF
Nasceu em 1922 na aldeia de Stommeln (Colonia) alemanha. Após o colegial Schauff estudou filosofia. Atuou como diretor executivo da Sociedade para a Promoção da colonização interna, em Berlim.
Durante a República de Weimar Schauff no Partido do Centro Católico, elegeu-se deputado de julho 1932 a novembro de 1933 pelo círculo eleitoral de 8 (Lienitz) do Reichstag. Após a ascensão dos nazistas, em 1933, ele foi perseguido e perdeu o cargo. Depois de perder seu mandato Schauff se mudou com sua família de volta para uma fazenda perto da fronteira com a Holanda. O também pioneiro Erick Kock-weser negociou com a empresa inglesa Paraná Plantation Ltda uma reserva de lotes para colonos alemães na Gleba Roland. Estes esforços culminou na fundação do assentamento Rolândia, no Paraná. Assim, Schauff adquiriu a Fazenda Santa Cruz que se tornou um centro de adaptação de jovens católicos vindos da Alemanha. Participou também das negociações que possibilitou a vinda de 150 familias da alemanha para o Brasil, a maioria de origem judia, e que estavam sendo perseguidas por Hitler, e que escaparam do extermínio. Em 1950 retornou a Europa estabecendo-se na Itália. Pelo seu trabalho em beneficio de refugiados no mundo inteiro Schauff foi condecorado por vários paises. Em Rolândia, juntamente com Max Hermann Maier e Henrique Kaplan idealizou a construção da Fundação Arthur Thomas (hoje Hospital São Rafael). Schauff escreveu varios livros entre eles "25 anos de Rolândia, um estudo para a colonização do norte do Paraná. Schauff faleceu na alemanha em 1990. Teve 4 filhos no Brasil: Cristóvão, Tobias, Nicolau e Marcus e outros 5 filhos residem na Europa e Estados Unidos.
GEERT KOCH-WESER - PIONEIRO EM ROLÂNDIA - PR. BRASIL
A salvação na floresta
Norte do Paraná serve de refúgio a perseguidos dos nazistas, entre eles um menino que é hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha
Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.
Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.
Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.
Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.
Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).
Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.
Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.
Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Norte do Paraná serve de refúgio a perseguidos dos nazistas, entre eles um menino que é hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha
Lembrança Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela |
Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.
Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.
Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.
Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).
Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.
Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.
Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia
sábado, 11 de dezembro de 2010
ROLÂNDIA - ANOS 30
Rolândia
O primeiro lote urbano vendido pelos ingleses em Rolândia foi adquirido pelo alemão Elmar Kirschnich, em 1934. Em 1932, lotes rurais já haviam sido vendidos à imigrantes japoneses. Rolândia é o maior centro de imigração alemã do Norte do Paraná, porém a maioria dos colonizadores que aqui vieram na década de 30 eram brasileiros e depois italianos.. Outros focos foram Nova Dantzig, Neu Danzig e Heimtal.
Emancipada de Londrina em 1943, com o nome de Caviúna. Voltou a se chamar Rolândia em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O primeiro lote urbano vendido pelos ingleses em Rolândia foi adquirido pelo alemão Elmar Kirschnich, em 1934. Em 1932, lotes rurais já haviam sido vendidos à imigrantes japoneses. Rolândia é o maior centro de imigração alemã do Norte do Paraná, porém a maioria dos colonizadores que aqui vieram na década de 30 eram brasileiros e depois italianos.. Outros focos foram Nova Dantzig, Neu Danzig e Heimtal.
Emancipada de Londrina em 1943, com o nome de Caviúna. Voltou a se chamar Rolândia em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial.
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