sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

TRENS E O NORTE DO PARANÁ - BY FARINA

TUDO COMEÇOU COM O TREM



A Companhia de Terras norte do Paraná pensou em tudo. Como a nossa terra argilosa se torna quase que intransponível em dias de chuvas, logo no começo da colonização a Companhia já iniciou os trabalhos da construção da ferrovia de Ourinhos a Londrina e depois com o tempo até Maringá. Apesar da floresta virgem os pioneiros aqui chegaram trazendo tudo o que precisavam nos trens.  As primeiras produções era transportadas pelos trens. Os primeiros animais (cavalos, gado, galinhas e porcos) vieram também de trem. Não foi fácil construir a ferrovia no meio da floresta virgem utilizando na maior parte a força dos trabalhadores e das mulas que puxavam as carroças. A maior parte dos serviços eram feitos no enxadão, pá e picarata. A terra era carregada em carroças puxadas por mulas treinadas. Depois de um certo tempo de trabalho as mulas se deslocavam sozinhas de um lado para outro. Os trabalhadores carregavam a carroça com terra, e, após um assobio elas levam a carga para o outro lado, onde outros trabalhadores a descarregavam. Eram dezenas de carroças no canteiro de obras. A estação de Londrina foi inaugurada em julho de 1935, no mesmo dia em que a ponte sobre o rio Jataizinho foi entregue, dando passagem ao primeiro trem, que chegava a uma cidade que já havia crescido muito desde sua fundação em 1929. No início de Londrina e do norte do Paraná tudo girava em torno dos trens. Quando a Maria Fumaça apitava lá na curva, o chefe da Estação tocava um sino e muita gente vinha para conferir quem estava chegando e quem estava partindo. Todas as novidades chegavam no trem. Os homens iam lá para ver as mulheres. As mulheres iam para ver as roupas diferentes vindas de São Paulo. Outros iam ver só o trem, afinal era uma máquina que dava medo. Quando o maquinista soltava o excesso de vapor, fazia um assopro forte, tipo um assovio e a molecada corria de medo. Muitos iam só para dar tchau para quem partia ( (Era chique dar tchau para quem partia). Em Rolândia acontecia tudo do mesmo jeito. O trem chegou aqui pela primeira vez em janeiro de 1936. Por alguns anos ele "virava" aqui e retornava para Cambé e Londrina. 50% do sucesso da colonização do norte do Paraná devemos à ferrovia e aos trens. Em  resumo era isto. O trem fazia (e faz) parte de Londrina, de Rolândia e de todo o norte do Paraná.

JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

JOHANNES SCHAUFF ( PIONEIRO DE ROLÂNDIA )

JOHANNES  SCHAUFF

Nasceu em 1922 na aldeia de Stommeln (Colonia) alemanha. Após o colegial Schauff estudou filosofia. Atuou como diretor executivo da Sociedade para a Promoção da colonização interna, em Berlim.
Durante a República de Weimar Schauff no Partido do Centro Católico, elegeu-se deputado  de julho 1932 a novembro de 1933 pelo círculo eleitoral de 8 (Lienitz) do Reichstag. Após a ascensão dos nazistas, em 1933, ele foi perseguido e perdeu o cargo. Depois de perder seu mandato Schauff se mudou com sua família de volta para uma fazenda perto da fronteira com a Holanda.  O também pioneiro Erick Kock-weser negociou com a empresa inglesa  Paraná Plantation Ltda  uma reserva de lotes para colonos alemães na Gleba Roland.  Estes esforços culminou na fundação do assentamento Rolândia, no Paraná. Assim, Schauff adquiriu a Fazenda Santa Cruz que se tornou um centro de adaptação de jovens católicos vindos da Alemanha. Participou também das negociações que possibilitou a vinda de 150 familias da alemanha para o Brasil, a maioria de origem judia, e que estavam sendo perseguidas por Hitler, e que escaparam do extermínio. Em 1950 retornou a Europa estabecendo-se na Itália. Pelo seu trabalho em beneficio de refugiados no mundo inteiro Schauff foi condecorado por vários paises. Em Rolândia, juntamente com Max Hermann Maier e Henrique Kaplan idealizou a construção da Fundação Arthur Thomas (hoje Hospital São Rafael). Schauff escreveu varios livros entre eles  "25 anos de Rolândia, um estudo para a colonização do norte do Paraná. Schauff faleceu na alemanha em 1990. Teve 4 filhos no Brasil: Cristóvão, Tobias, Nicolau e Marcus e outros 5 filhos residem na Europa e Estados Unidos.

GEERT KOCH-WESER - PIONEIRO EM ROLÂNDIA - PR. BRASIL


A salvação na floresta

Norte do Paraná serve de refúgio a perseguidos dos nazistas, entre eles um menino que é hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha





Lembrança
Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela
Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.


Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.


Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.


Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.


Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).


Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.


Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.


Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia

sábado, 11 de dezembro de 2010

CORTANDO UMA PEROBA Rosa GIGANTE - anos 30

             HOJE VOCÊ NÃO CONTRATARIA NINGUÉM PARA ESTE SERVIÇO

ROLÂNDIA - ANOS 30

Rolândia



O primeiro lote urbano vendido pelos ingleses em Rolândia foi adquirido pelo alemão Elmar Kirschnich, em 1934. Em 1932, lotes rurais já haviam sido vendidos à imigrantes japoneses. Rolândia é o maior centro de imigração alemã do Norte do Paraná, porém a maioria dos colonizadores que aqui vieram na década de 30 eram brasileiros e depois italianos.. Outros focos foram Nova Dantzig, Neu Danzig e Heimtal.

Emancipada de Londrina em 1943, com o nome de Caviúna. Voltou a se chamar Rolândia em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial.

ITALIANOS SÃO MAIORIA NO NORTE DO PARANÁ

O Norte do Paraná ficou conhecido entre os imigrantes com a "Colônia Internacional". Em 1938, era essa a lista com a nacionalidade de todos os compradores até então, segundo a lista da Companhia de Terras Norte do Paraná:

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CLAUDIA PORTELINHA SCHWENGBER

CLAUDIA PORTELINHA SCHWENGBER

Historiadora, professora aposentada e autora de vários livros sobre a história de Rolândia. A sua obra mais famosa e importante é  "Aspectos Históricos de Rolândia", publicado em 2003 pela editoras Wa Ricieri.

JOSÉ PERAZOLO ( EX PREFEITO DE ROLÂNDIA - PR. )

JOSÉ PERAZOLO

Governou Rolândia de 1988 a 1992 e de 1997 a 2.000. Sua principais realizações foram: Parque Industrial Roland, Parque Industrial Cafezal, Parque Industrial Pennachi, Jandelle (2ª etapa), asfalto completo com galerias dos 5 conjuntos, Lago São Fernando, calçadão, capela mortuária do centro e da Vila, Instalações da Oktoberfest, Escola do Trabalho, reforma completa da rodoviária, arquibancada e cobertura do Nacional (NAC), desativação do lixão, construção do aterro sanitário e inauguração da rede de esgoto. Em seu primeiro mandato Perazolo recuperou o asfalto de dezenas de ruas com a máquina de lama asfáltica. Faleceu em 08 de abril de 2008, fato que causou grande comoção social em Rolândia.
JOSÉ CARLOS FARINA
                                                                                                 
 
                                                                                      

EURIDES MOURA ( EX - PREFEITO DE ROLÂNDIA - PR. )

EURIDES MOURA

Governou Rolândia de 1982 a 1988 e de 2000 a 2008. Suas principais realizações foram o Parque Industrial Itamaraty, Ginásio de Esportes da Vila Oliveira, início da rede de esgoto, ciclovia, chafariz, reforma da praça castelo branco.

JOSÉ CARLOS FARINA

PEDRO SCOMPARIN ( EX - PREFEITO DE ROLÂNDIA - PR. )

PEDRO SCOMPARIN

Governou Rolândia de 1970 a 1972 e de  1977 a 1982. Sua principais realizações foram o asfaltamento de um grande trecho da Vila Oliveira, a construção da Biblioteca e Casa da Cultura, aquisição de máquinas e urbanização do centro da cidade.

JOSÉ CARLOS FARINA

ORLANDINO DE ALMEIDA ( EX-PREFEITO DE ROLÂNDIA - PR )

ORLANDINO DE ALMEIDA



Orlandino de Almeida governou Rolândia de 1973 a 1976. Suas principais realizações foram a construção do Ginásio de Esportes "Emilio Gomes", os jogos abertos do Paraná, asfalto de várias ruas da Vila OLiveira e o início da industrialização do Município com a vinda da Cotam em seu mandato. Após lutar incansavelmente contra um câncer de próstata, faleceu na noite de 05/10/2010, aos 77 anos, o ex-prefeito de Rolândia Orlandino de Almeida. Após várias internações, ele estava no Hospital do Câncer de Londrina desde o dia 18 de setembro. Desde o último domingo (3), Orlandino estava sedado.  O ex-prefeito está sendo velado na Capela Mortuária Central de Rolândia na Rua Santa Catarina, centro. O enterro será às 17 horas no Cemitério Municipal. Orlandino de Almeida foi prefeito de Rolândia no período de 31 de janeiro de 1973 à 01 de fevereiro de 1977. Ele foi o responsável pela instituição do regime estatutário de sua época e também é lembrado entre outras realizações, pela construção do Ginásio de Esportes Emílio Gomes.
                                             JOSÉ CARLOS FARINA

domingo, 28 de novembro de 2010

ROLÂNDIA - JOHANNES SCHAUFF E KOCH- WESER - ALEMÃES

            Texto Lucius de Mello - foto by FARINA
Johannes e Erich Koch-Weser passaram a trabalhar para a Paraná Plantation. Tinham a missão de ajudar a vender as fazendas cobertas por matas virgens para os alemães interessados em viver no Brasil. Surgiu, então, a ideia da "Operação Triangular": as famílias judias compravam peças como trilhos, parafusos e vagões dos fabricantes alemães em nome dos ingleses e, em troca disso, recebiam títulos de terras em Rolândia. Os judeus depositavam o dinheiro na conta da Companhia Siderúrgica alemã Ferros Stahl, que repassava a quantia em trilhos e peças ferroviárias para a inglesa Paraná Plantation, uma das acionistas da Companhia de Terras Norte do Paraná.
De 1933 a 1938, foram vendidas 323 propriedades para imigrantes de origem alemã. Nesse mesmo período, não é possível saber o número exato de refugiados judeus que foram beneficiados pela "Operação Triangular", visto que as estatísticas se referem somente às nacionalidades. Mas estima-se que das 400 famílias germânicas que moravam na colônia, 80 eram de judeus classificados como: 10 puros, 15 considerados judeus por Hitler, 10 políticos e 45 judeus de religião católica (aqueles que haviam se convertido ao catolicismo).
O trem salvador chegava a Rolândia trazendo famílias assustadas com o mundo novo e selvagem. Afinal, os refugiados judeus tiveram de trocar a vida confortável e sofisticada que levavam nas cidades alemãs, como Berlim, Frankfurt e Düsseldorf, para viver no meio da mata fechada, sem luz elétrica, rede de água e esgoto, longe de hospitais, escolas e teatros. O grupo era formado por intelectuais, políticos, advogados, engenheiros, artistas,médicos, agrônomos, físicos, botânicos. Profissionais urbanos que, de uma hora para outra, tiveram de aprender a sobreviver no meio do nada, plantar e colher a própria comida, criar porcos, galinhas, vacas e cavalos. Mas, para suportar a saudade da vida urbana que deixaram para trás, trouxeram com eles caixas e mais caixas de livros, roupas luxuosas e obras de arte.
Vagner Volk repetia o que lhe aconteceu no primeiro dia em que pisou em Rolândia, em novembro de 1935. Contou que no trajeto até o hotel, ele e a família tiveram de passar bem na frente da Escola Alemã e viram o culto nazista realizado pela turma de Oswald Nixdorf. A suástica imponente, hasteada e sendo adorada por todos ali, os gritos de Heil Hitler! "Imaginem vocês, eu vendo e ouvindo tudo aquilo acontecendo aqui na selva brasileira, a milhares de quilômetros de distância da Alemanha. Meus amigos, esse pobre judeu aqui quase enfartou. O mundo todo está virando nazista, pensei. Eles estão por toda parte! Será que de nada adiantou fugir da Alemanha?", indagou Volk.
Em Rolândia, durante a Segunda Guerra, a polícia e os imigrantes contavam os prejuízos. Principalmente nos últimos momentos do conflito, as pessoas consideradas súditas do Eixo sofreram violência aqui no Brasil. Com raiva da Alemanha, os brasileiros invadiram lares, quebraram portas, janelas, saquearam casas e lojas que pertenciam aos alemães. Bateram e apedrejaram em quem ousava sair às ruas.
Com o fim da guerra, a paz voltou a reinar em Rolândia e os imigrantes puderam levar uma vida mais tranquila. Hoje, todos os refugiados judeus que chegaram adultos naquela época já estão mortos. Os que vieram para cá jovens e crianças, já são idosos, mas guardam o passado vivo na memória. A maioria deixou a cidade paranaense para viver principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Curitiba, Estados Unidos e Europa. Mas há quem tenha criado raízes na terra vermelha e que não deseja deixar Rolândia. Refugiados que permaneceram nas fazendas, morando na mesma casa de madeira, grande e acolhedora. É o caso da senhora Inge Rosenthal, a única refugiada de Rolândia que foi salva pelo Kindertransport (missão de resgate que salvou a vida de milhares de crianças judias que foram levadas para a Inglaterra), quando ainda era menina.
Lucius de Mello é jornalista, pesquisador do LEER/USP (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo) e autor do livro A travessia da terra vermelha - uma saga dos refugiados judeus no Brasil (Ed. Novo Século).

ROLÂNDIA - RAINHA DO CAFÉ

ROLÂNDIA - SEMPRE SERÁ A RAINHA DO CAFÉ

                                                               FOTO BY FARINA
Até a metade da década de 70 Rolândia foi considerada a Rainha do Café. O Município cultivava  café em 90%  do seu território. A população na época chegou a 65.000 habitantes. Quase todos os  proprietários agrícolas contratavam porcenteiros ou meeiros para a lida das plantações. A cidade, os distritos e os "patrimonios" eram movimentados. Aos sábados dezenas de  carroças e charretes estacionados em frente as portas comerciais. As festas e quermesses da cidade e distritos eram super animadas. Os bailes então nem se fala. Muitas moças bonitas....Tínhamos muita fartura...corria muito dinheiro no comércio. Depois da grande geada negra de julho de 1975 Rolândia partiu para outro rumo. Hoje temos menos habitantes, uma zona rural deserta de gente, mas temos uma industria diversificada e competitiva. Nosso comércio está bastante atraente com lindas lojas. Falta apenas um cuidado maior com o meio ambiente, com as nossoas árvores, bosques e rios e uma melhor limpeza e cuidados com ruas e praças.
JOSÉ CARLOS FARINA

quinta-feira, 14 de outubro de 2010